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O AQUECIMENTO GLOBAL

Para começar o assunto  polêmico que gera discussões pelo mundo todo, o geógrafo ressalta que, diferente de muitos países, as maiores emissões de gases poluentes do efeito estufa provenientes do Brasil, não está muito ligado ao processo de industrialização. “Na história do País, o Brasil chegou a gerar gases estufa em sua maior parte por causa do desmatamento, não somente pela queima de combustíveis fósseis – mesmo sendo também um dos destinos”, explica.

Comenta também que, nos últimos cinco anos, “a agricultura também cresceu, crescendo 15% em 2010, o que contribui para o mau manejo da terra e uso de agrotóxicos”.

 

De acordo com especialistas de Zoneamento de Riscos Climáticos, que norteia o financiamento agrícola do País, da Embrapa e Unicamp, secas e geadas fora de hora podem arruinar uma safra, mas com o zoneamento foi possível antever quais áreas seriam menos suscetíveis a esses problemas de modo a aproveitá-las para o plantio. Para as próximas décadas, no entanto, as mudanças do clima devem ser tão intensas a ponto de mudar a geografia da produção nacional. “Eles relatam que municípios que hoje são grandes produtores, podem não ser mais aptos em 2020”, completa.

Tomando isso como base, o geógrafo acompanhou as pesquisas realizadas há algum tempo sobre como o aquecimento global alteraria a atual configuração agrícola do País.

 

A primeira cultura avaliada foi em 2001, com base no relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas divulgado naquele ano, foi o Café Arábica. A partir disso, percebeu-se que essa zona poderia afetar o Sul reduzindo a área de plantio. “Os pesquisadores observaram que o aumento de temperatura pode provocar, de um modo geral, uma diminuição no Brasil de regiões aptas para o cultivo dos grãos”, comenta, com exceção da cana de açúcar e da mandioca, todas essas culturas sofreriam queda na área de baixo risco.

 

O geógrafo relembra que isso só ocorrerá se nada for feito em termos de reduzir as consequências e trabalhar na adaptação. “Está nas mãos do agronegócio adotar formas de manejar melhor o solo para reduzir as emissões de gases de efeito estufa ou mesmo para sequestrar da atmosfera o gás carbônico já presente em taxa elevada”.

Para isso, ele acredita ser possível a criação de novas variedades adaptadas às condições mutantes. Pesquisas voltadas para o setor permitiriam nas ultimas décadas que o país aumentasse significativamente a produtividade agrícola, colocando o Brasil em uma posição de liderança mundial.

No entanto, um dado relevante e recente sobre o tema, em fevereiro de 2014, a OMM (Organização Meteorológica Mundial) divulgou um documento explicando que o forte calor verificado no Brasil, no verão de 2013/2014, pode ser considerado como um dos efeitos do aquecimento global no Brasil. O baixo índice de chuvas, principalmente no Sudeste do Brasil, e a seca contínua no sertão nordestino também podem ter relação com as mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global do planeta.

 

 

O desmatamento e a escassez de chuva

 

Souza acredita que a escassez de chuva enfrentada no último ano, pode ter consequência do desmatamento incorreto das florestas, “tanto o desmatamento quanto as queimadas interferem nas dinâmicas das massas de ar que atuam sobre o País. Há uma perda considerável de umidade nessas massas, uma vez que diminui a evapotranspiração na região Amazônica”, sendo assim, a temperatura pode se elevar nas regiões Sudeste e Sul, alterando ciclos de rios e seus afluentes, afetando o regime de chuvas. 

 

Um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), mostra a relação direta entre a Amazônia e a regulação do clima no planeta e, consequentemente, com a frequência das chuvas em outras regiões. A Amazônia não é apenas a maior floresta tropical do mundo. Ela influencia na geração de chuvas e na manutenção do clima ameno e sem grandes eventos extremos da América do Sul. O que os pesquisadores do INPE concluíram é que a Amazônia tem uma grande capacidade de puxar a umidade do oceano para o continente.

 

Em lugares sem cobertura florestal, o ar que entra no continente acaba secando e resulta em desertos em terrenos distantes do litoral. A floresta amazônica atuaria então como uma bomba d´água que “puxa” a umidade dos oceanos”, explica.

 

Clima: parte essencial da agricultura

“O extenso território brasileiro, a diversidade de formas de relevo, a altitude e dinâmica das correntes e massas de ar, possibilitam uma grande diversidade de climas no Brasil”, explica o geógrafo, Bruno Souza.

 

Levando em consideração o extenso território, o Brasil está situado nas zonas de latitudes baixas (chamadas de zona intertropical)  nas quais prevalecem os climas quentes e úmidos, com temperaturas médias em torno de 20 ºC.

 

Com palavras mais simples, ele também explica que a variação de temperatura (amplitude térmica) do continente, é pequena, abrindo espaço para que o País se tornasse um polo agrícola.

 

“O fato de o Brasil ser um país de clima majoritariamente tropical, com períodos definidos de chuva e invernos pouco rigorosos, além de ter uma incidência de luz solar grande em todo o seu território foi essencial para que se tornasse um grande polo agrícola nas produções principalmente de soja, cana de açúcar e milho, grandes commodities valorizadas no mercado mundial”, comenta.

 

Sendo assim, o fato do País não possui clima extremo, tais como desertos, áreas polares, que são demasiadamente quentes, frias ou secas, torna-o muito propício para o desenvolvimento da agricultura, inclusive diferenciando-a ao longo do território nacional, adaptando as culturas ao clima dominante da região.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Territórios Férteis

 

Levando em consideração as características climáticas do País, Souza explica que, de modo geral, não existem muitas terras inférteis. A maioria das terras improdutivas está diretamente ligada ao mau uso do solo ou à falta de técnicas agrícolas para melhorar a produtividade, “o que existe no Brasil é uma necessidade de adaptação de culturas ao tipo da região, uma vez que em país de dimensões continentais, nem todas as culturas podem ser produzidas em todos os lugares”, ressalta.

Cada região mantém sua particularidade climática e consequentemente a produtiva. A região Centro-Oeste possui um clima muito favorável à plantação de soja e milho. Já na região Sul (principalmente no oeste do Rio Grande do Sul e partes do Paraná), o clima favorece a plantação tanto dessas culturas como também de trigo.

As regiões Norte do Paraná e Sul de Minas Gerais são favoráveis ao cultivo de café, que já foi o carro chefe das exportações nacionais nos anos 50. “Tudo isso se deve ao fato de estarem em locais de clima favorável, como a presença de chuvas regulares, poucos períodos de estiagem e solos favoráveis a esse cultivo, como o caso da terra roxa no norte do Paraná, propícia ao café”, relata.

No caso do Nordeste, destaca-se a área próxima ao litoral, chamada de Zona da Mata, onde há o predomínio de solo Massapê, muito favorável ao plantio de cana-de-açúcar, também auxiliado pelo clima tropical úmido das regiões litorâneas nordestinas, “ainda no Nordeste, ao longo do curso do Rio São Francisco existe uma produção massiva de fruticultura, utilizando a água do rio para seu sistema de irrigação”.

Ao Norte, vemos campos de soja surgirem no lugar da Floresta Amazônica, assim como o algodão. Apesar de ser um solo pobre em nutrientes, o clima quente e úmido favorece o desenvolvimento dessas culturas.

No caso do Centro-Oeste, o “celeiro brasileiro”, as áreas de importância são o Mato Grosso de Goiás, no sudeste de Goiás, que produz arroz, algodão, café, milho e soja; e o Vale do Paranaíba, no extremo sul de Goiás, com o cultivo de algodão, amendoim e também arroz. “Além disso, o sul de Mato Grosso do Sul, é importante produtora de soja, arroz, café, algodão, milho e trigo; e a região de Campo Grande e Dourados (MS), destacam-se pelas produções de soja, milho, amendoim e trigo”, comenta o geógrafo.

 

 

 

 

 

 

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