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Biólogo formado pela Unesp – Universidade Estadual Paulista, e mestre em Microbiologia Aplicada  pelo Instituto de Biociências da Unesp de Rio Claro, Douglas Monte Conceição, explica que, segundo o Banco Mundial, o potencial de irrigação do Brasil é estimado em 29 milhões de hectares, excluídas as bacias do Amazonas e do Tocantins. Monte Conceição ainda ressalta, que, segundo pesquisas realizadas por Xico Graziano, do Boletim Informativo do Sistema FAEP - Fundação de Amparo ao Ensino e Pesquisa (nº1292, de março de 2015), em 1970, a irrigação brasileira correspondia apenas 2,3% da nossa área cultivada. Passados 40 anos, subiu para 8,3%. “Esse processo tornou-se uma prática indispensável na fruticultura, na olericultura¹ e na floricultura”, explica.

 

A Agência Nacional de Águas mostra que, entre 2006 e 2010 houve um acréscimo de 47,5% na demanda de água para agricultura, que expandiu suas áreas irrigadas as bacias hidrográficas do Paraná (acréscimo de 88%), do São Francisco (73%) e do Araguaia-Tocantins (58%). “Essa expansão da agricultura irrigada utiliza mais água, causando um maior consumo. Entretanto
representa um avanço para o desenvolvimento econômico”, comenta.

Análises da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) indicam que os perímetros irrigados em solos brasileiros, públicos ou particulares, aproveitam apenas 19,6% do potencial nacional das áreas disponíveis à tecnologia. Monte Conceição ressalta, que, entre os grãos, a área irrigada abrange apenas 5% do plantio, beneficiando especialmente as lavouras de arroz, feijão, que concentram 55% da irrigação nos cereais básicos.

 

É o caso de Carlos Roberto Paiva, que é agrônomo e agricultor do cerrado brasileiro, no Mato Grosso do Sul e mantém as plantações de soja, feijão, milho e algodão.  

 

No cerrado brasileiro, a quantidade de chuvas, e consequentemente, a presença da água é um fator primordial que auxilia e, muitas vezes, em excesso, atrapalha, durante o plantio. Levando em consideração as estações do Sul e Sudeste brasileiro, a falta da água, que ocorre dos meses de maio a setembro, atrapalha, inicialmente no
desenvolvimento e crescimento vegetativo dos grãos. Com isso, é possível realizar o plantio apenas em áreas irrigadas, plantando soja, milho e feijão ou soja e algodão.

 

A irrigação

 

A irrigação é técnica criada para auxiliar os agricultores a sanar dificuldades hídricas das plantações devidas à falta ou uma má distribuição das águas da chuva. Hoje, existem três tipos de irrigação: superficial, localizada e aspersão. Monte Conceição relata que, entre os sistemas de irrigação, o mais comum utilizado no Brasil são os de superfície que distribuem a água por toda a plantação utilizando-se da gravidade, e depende da porosidade do solo.

 

 

Entre as maneiras utilizadas na irrigação, segundo o site da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), os principais estão em três tipos:

 

IRRIGAÇÃO POR SUPERFÍCIE:

 

É a técnica de irrigação que mais utiliza água. Essa distribuição acontece pela queda de água por pequenos canais feitos direto na terra.

- Principais vantagens: Menor custo fixo e operacional; requer equipamentos simples; não sofre efeito de vento; menor consumo de energia quando comparado com outros métodos; não interfere nos tratos culturais; permite a utilização de água com sólidos em suspensão;

- Principais limitações: dependência de condições topográficas; requer sistematização do terreno; dimensionamento envolve ensaios de campo; manejo das irrigações é mais complexo; se mal planejado e mal manejado, pode apresentar baixa eficiência de distribuição de água; desperta pequeno interesse comercial, em função de utilizar poucos equipamentos.

 

IRRIGAÇÃO LOCALIZADA:

 

A técnica é aplicada em apenas uma fração das raízes das plantas, sendo distribuídas apenas por gotejadores, por tubo poroso ou “tripa” ou por microaspersores.

O investimento inicial é alto, sendo recomendadas apenas para situações especiais como pesquisas, produções de sementes e de milho verde. É um método que permite automação total, o que requer menor emprego de mão de obra na operação.

 

IRRIGAÇÃO POR ASPERSÃO:

 

O método da aspersão é utilizado jatos de água lançados ao ar que caem sobre a cultura na forma de chuva.

- Principais vantagens: facilidade de adaptação às diversas condições de solo e topografia; apresenta potencialmente maior eficiência de distribuição de água quando comparado com método de superfície; pode ser totalmente automatizado; pode ser transportado para outras áreas; as tubulações podem ser desmontadas e removidas da área, o que facilita o tráfego de máquinas.

- Principais limitações: os custos de instalação e operação são mais elevados que os do método por superfície; pode sofrer influencia das condições climáticas, como vento e umidade relativa; a irrigação com água salina, ou sujeita a precipitação de sedimentos, pode reduzir a vida útil do equipamento e causar danos a algumas culturas; pode favorecer o aparecimento de doenças em algumas culturas e interferir com tratamentos fitossanitários; pode favorecer a disseminação de doenças cujo veículo é a água.  

 

 

Dentro da irrigação por aspersão, é possível encontrar três métodos utilizados que atendem às necessidades específicas. Entre elas: a aspersão convencional, a autopropelido, que se desloca longitudinalmente ao longo da área a ser irrigada e o pivô central, que consiste de uma única lateral que fira em torno do centro de um circulo.

Nos 28 mil hectares produzidos por Roberto, dois mil dispõem do método da aspersão. Essa técnica é feita através de um ponto pivô, que requer que a água seja conduzida até o centro da adutora enterrada ou que a fonte de água esteja no centro dessa plantação. Eles podem ser empregados para irrigar áreas de até 117 hectares.

Segundo o site do Embrapa, o recomendado é que essa área não ultrapasse 50 a 70 hectares, embora o custo seja cortado pela metade à medida que se aumenta a área irrigada.

Roberto ressalta que, esse método precisou ser implantado pela falta de água no cerrado brasileiro, na temporada de maio a setembro. “Não é possível realizar o plantio durante essa época do ano, a não ser nas áreas passíveis de irrigação, onde o melhor método encontrado, foi o da aspersão”, ressalta.

 

 

¹ A olericultura é o ramo da horticultura que abrange a exploração de um grande número de espécie de plantas, comumente conhecidas como hortaliças e que engloba culturas folhosas, raízes, bulbos, tubérculos e frutos diversos.

 

Plantações em estufa e irrigação por gotejamento

Nesse vídeo você confere a explicação de Rafael Teixeira, diretor na Seminis/Monsanto, sobre a plantação em estufas e a irrigação por gotejamento.

 

O sistema utiliza água da chuva para a irrigação e, através de dutos, envia a água diretamente para a raiz da planta, junto com substâncias nutritivas. Existem também sensores na terra que indicam a umidade do solo e avisam ao operador quando deve ser feita a irrigação.

Essa estufa utiliza plantas com porta-enxerto.

 

Eles pegam partes de plantas diferentes e unem para melhor aproveitamento e resistência. Nesse caso, pegam topos de tomateiros que dão muitos frutos, mas tem raízes fracas. E raízes de tomateiros que dão poucos frutos e tem raízes fortes. Juntam as duas partes e obtém uma planta que produz o ano inteiro e em grande quantidade.

Irrigação: o fator essencial da agricultura

 

O Brasil é conhecido mundialmente pela agricultura. Esse setor que tornou-se o carro chefe do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, que consome anualmente 70% de toda a água dos rios, lagos e aquíferos subterrâneos do País.

 

 

 

 

 

 

 

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